quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Artigo de Paulo Afonso Linhares

DE FUFUCA E OUTRAS FOFOCAS

Paulo Afonso Linhares

A política brasileira, nesta quadra de atropelos, se apresenta como uma caixa de estonteantes surpresas, para não dizer mesmo que é uma autêntica “caixa de Pandora”; um cenário em que o ridículo de tantos é a constante de todos. Ora, recentemente a ‘jihad’ da corrupção teve mais um capítulo, justo no Califado de Curitiba, que não deixa de ser caricato: foto publicado com destaque de primeira página da Folha de São Paulo (meninas e meninos das redes sociais nem imaginam o que isto significava no passado…), mostra o próprio Califa, Sérgio Moro, ladeado de “otoridades” outras (da magistratura, do MPF, policiais e uns poucos políticos, babões judiciários e puxa-sacos ministeriais) a assistir a estreia do filme Policia Federal - A Lei É para Todos, que tem como vedete a “Operação Lava-Jato”. Significativa é a cena do também juiz federal Marcelo Bretas, aquele que tem um olho à Ceveró, na sessão inaugural do filme, a oferecer pipoca ao colega Moro. 
A imagem, posto que ridícula, é prenhe de significados, a começar pela lembrança da avant-première do filme Triumph Des Willens (O Triunfo da Vontade), de 1934, da cineasta alemã Leni Riefenstahl, com a presença do furher Adolf Hittler em pessoa e de cúpula nazista. Mesmos risos dissimulados dos poderosos, mesmas calvas, assemelhado exagero dos figurinos, idêntico ‘cruento’ de mulheres feias (com o perdão do leitor: como não sei se existe um coletivo de mulheres feias, inventei este…), um hiato de sete décadas. O filme da cineasta do 3º Reich mostra o esplendor do complexo industrial-militar da máquina nazista; o filme produzido agora pelas Organizações Globo, através da Globo Filmes, retrata a atuação dessa máquina de moer empresários, políticos, fortunas e reputações, a Operação Lava-Jato, tendo como eixo a Magistratura, o Ministério Público e a Polícia Federal, essa tríade empoderada inicialmente pelos constituintes de 1988 e mantida pela ingenuidade politicamente correta dos ocupantes de todos os poleiros ideológicos. 
Estranho é como os senhores do poder gostam desse ‘gênero’ cinematográfico. Vá ver que é um pouco aquele fascínio que só os espelhos despertam… Não entendi mesmo foi a tal pipoca do Dr. Bretas. Na foto, o califa Dr. Moro, de horripilante gravata vermelha sobre camisa preta, parece não dar atenção para o mimo do colega. Moro sabe das coisa: com pipoca, tudo pode acontecer no escurinho do cinema. Assim, essa cruzada da moralidade pública levada a cabo pelo Judiciário e coadjuvada pelo MP/DPF, contra o ‘Dragão Corrupto da Maldade Petrolona’, ganhou sua expressão cinematográfica, inclusive, com a incorporação de recursos sofisticados e estonteantes efeitos especiais. Decerto, Hollywood o espera com um reluzente Oscar de “melhor filme estrangeiro”…
Sim, um pioneiro Oscar é o mínimo que os bravos “irmãos do Norte” podem verter de gratidão pelos enormes benefícios que tiveram com a destruição por completo da poderosa indústria pesada da construção civil brasileira, a desarticulação do nosso projeto nuclear (leia-se, do submarino movido a energia nuclear) que tanto dava nos nervos de Washington e, sobretudo, a derrocada da maior empresa petrolífera do planeta, a Petrobras, a única detentora da tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas. A ‘tchurma’ de Curitiba fez um notável trabalho em matéria de entreguismo, de fazer corar velhos entreguistas do porte de um Roberto Campos, Delfim Netto e outros do mesmo naipe. O mesmo se diga em relação a Hitler e seus asseclas, eficientes em matéria de “solução final”.
E quando pensava-se já ter visto tudo na política brasileira, até cego ver e boi voar, eis que nos surpreende a ascensão à presidência da Câmara dos Deputados do jovem e esfuziante deputado Fufuca! Sim, assim mesmo é o nome parlamentar de André Luiz Carvalho Ribeiro, médico de 28 anos, matriculado no PP do Piauí: F-U-F-U-C-A. Com essa idade e esse nome seguramente ele não chegou à Câmara Federal com os votos do seu próprio prestígio; como soe acontecer, deve ser ele mais um desses ‘filhotes’ que infestam a representação política brasileira. Com efeito, ele é filho de Francisco Ribeiro Dantas Filho, o Fufuca Dantas(PMDB), prefeito municipal de Alto Alegre do Pindaré (MA). De lascar os tamancos.
A coisa é a seguinte: “seo” Temer foi à China, fazer negócios de Brics e deixou no comando dessa grande nau desgovernada o jovem Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Como o primeiro vice-presidente, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), resolveu acompanhar Temer na vilegiatura chinesa, a condução dos trabalhos legislativos, no momento mais crucial para o governo em razão de importante pauta de matérias a ser votada, ficou a cargo de quem? Do jovem deputado André Fufuca (PP-MA) que, para os íntimos, é apenas “Fufuquinha”, atual segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados. E haja fofoca nos arraiais de Brasília. Ninguém merece. Que São Braz, santo ligeiro, mas, nem assim tão cuidadoso, fique alerta com trovões e relâmpagos que poderão causar mais desassossego no Palácio do Planalto. Vixe!

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